Atualmente, estamos vivenciando uma nova fase de surgimento de novas tecnologias que são capazes de impor uma maior eficiência e produtividade aos processos, chamada Indústria 4.0.
Assuntos relacionados à sustentabilidade fazem parte cada vez mais do cotidiano das associações de bairro, empresas, governos, escolas e, principalmente, dos moradores de qualquer cidade que desejam ter melhores condições de vida e equilíbrio com a natureza.
Neste contexto, a ONU reuniu estudiosos do assunto ao redor de um longo processo de priorização da temática dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), descritos na Agenda 2030.
Este artigo procura contextualizar a importância dessas novas tecnologias que chegam com a Indústria 4.0 em favor da Agenda 2030.
Para abordarmos o tema, devemos analisar os seguintes assuntos:
Para o entendimento do que significa a Indústria 4.0, é importante fazermos um breve histórico do conjunto de tecnologias utilizadas ao longo do tempo, desde o aparecimento das primeiras indústrias até os dias atuais.
De acordo com Chiavenato (1983), no século XVIII tivemos a chamada Primeira Revolução Industrial, capaz de contribuir com a nova economia devido à invenção da máquina a vapor por James Watt (1736-1819), tecnologia que impulsionou a produção na época.
A partir deste momento, deixamos de ter uma economia plenamente artesanal. A nova descoberta não só contribuiu para o aparecimento das indústrias como também favoreceu a logística com o surgimento dos navios e locomotivas a vapor.
Na Segunda Revolução Industrial, no século XIX, destacam-se a substituição do ferro pelo aço, o emprego da eletricidade, do petróleo, além de transformações significativas nos transportes, comunicações e no desenvolvimento dos aviões e automóveis.
No século XX, temos o surgimento da Terceira Revolução Industrial, com o desenvolvimento dos sistemas eletrônicos e de informação, fundamentais para a expansão da automação dos equipamentos e da indústria.
Por fim, a partir do século XXI, temos a Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0, capaz de unir as mais diversas soluções gerenciais e de tecnologias disruptivas que, até então, jamais tinham sido vistas.
No que se refere à construção das principais tecnologias da Indústria 4.0, vale ressaltar que o que se tem conhecimento ainda não esgota os assuntos a serem englobados para o futuro.
É provável que muitas soluções e tecnologias ainda surjam e, a partir de um determinado momento, passem a compor o que hoje entendemos como a Quarta Revolução Industrial.
Como base para o estudo destas novas tecnologias são considerados 4 principais fundamentos. São eles:
Os fundamentos acima são considerados condições necessárias para que tenhamos um ambiente correspondente ao que hoje percebemos como Indústria 4.0.
A partir destes fundamentos, 10 grandes áreas estão sendo consideradas como as tecnologias mais promissoras. Assim sendo, podemos considerar os seguintes pilares da Indústria 4.0:
Para que possamos entender o conceito de sustentabilidade, é necessário compreender que, ao longo do tempo, a construção de uma visão de sustentabilidade e de preservação do meio ambiente foi mudando de concepção e agregando novos conceitos.
O denominado tripé da sustentabilidade incorpora muito dessa evolução.
Um marco para a sustentabilidade foi o Triple Bottom Line (TBL), quando o sociólogo britânico John Elkington, em 1994, concebeu que o equilíbrio entre os três pilares do TBL - econômico, ambiental e social - garante a sustentabilidade.
Segundo Elkington (1994), do ponto de vista econômico, a sociedade busca a criação de projetos com viabilidade econômica e financeira. Logo, fica garantida a atração dos investidores e dos recursos necessários para a implementação dos empreendimentos.
Na visão ambiental, a humanidade deseja e precisa interagir com o meio ambiente de forma a não causar danos irreversíveis ao planeta.
Para o último pilar, o da perspectiva social, a preocupação reside no estabelecimento de condições de trabalho e de vida favoráveis para todos os trabalhadores, todas as partes interessadas do projeto e para toda a sociedade.
De acordo com Elkington (1994), a partir desses três pilares podemos entender que na presença de apenas dois destes não teríamos o equilíbrio desejado.
Quando nos esquecemos do pilar econômico e temos apenas os pilares social e ambiental, ficamos em uma situação suportável, já que o pilar econômico é responsável pela manutenção dos projetos em construção e dos futuros empreendimentos.
Quando nos esquecemos do pilar social e temos apenas os pilares econômico e ambiental, ficamos em uma situação viável, já que o pilar social é responsável por lidar com a educação, a equidade, os recursos sociais, a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas.
Quando nos esquecemos do pilar ambiental e temos apenas os pilares econômico e social, ficamos em uma situação equitável, já que o pilar ambiental é responsável por lidar com as variáveis do ambiente relacionadas a recursos naturais, qualidade da água e do ar, conservação da energia e uso do solo.
Finalmente, quando temos os três pilares sendo operados - o ambiental, o social e o econômico - nós temos a definição da sustentabilidade.
Ela só pode ser alcançada quando:
De acordo com CEBDS (2020), é importante termos em mente que a essência do conceito de sustentabilidade está em perpetuar os recursos do planeta para as próximas gerações.
Desta forma, o conceito está muito ligado às ideias de legado, continuidade e equilíbrio.
A permanência do mundo como conhecemos depende de como conseguimos gerenciar os nossos projetos e seus impactos. Os recursos são finitos e todos somos responsáveis pela sua preservação.
A Indústria 4.0 e a Sustentabilidade têm uma relação importante, pois a adoção de tecnologias inteligentes e a transformação digital podem ajudar as empresas a serem mais eficientes, reduzir seu impacto ambiental e promover a sustentabilidade em suas operações.
Por exemplo, a implementação de sensores de monitoramento de energia pode ajudar a reduzir o consumo de energia e, consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, a Indústria 4.0 pode permitir a criação de sistemas de produção mais flexíveis e personalizados, reduzindo o desperdício de recursos e aumentando a eficiência produtiva.
Por algum tempo, estudiosos do assunto vêm discutindo sobre como implementar políticas que propiciem o desenvolvimento sustentável.
Com este objetivo, foi criada uma agenda que segue um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade e está de acordo com o TBL.
O processo de construção foi amplamente democrático, envolvendo consultas públicas, que priorizaram as temáticas dos novos objetivos após entrevistas com mais de 7 milhões de pessoas no mundo, de acordo com PGRB (2020).
Ao fim deste intenso processo de consultas e debates, foi estabelecida a Agenda 2030. O documento é composto por cerca de cento e setenta metas distribuídas em dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A agenda 2030 e os seus objetivos constituem um conjunto integrado e indivisível de prioridades globais para o desenvolvimento sustentável, de acordo com Carvalho (2015, p.72).
Muitos são os impactos positivos com a chegada da Indústria 4.0. Dentre eles, podemos citar:
Desta forma, podemos dizer que a Indústria 4.0 será capaz de afetar positivamente o que conhecemos como o TBL (Triple Bottom Line) e seus pilares: econômico, social e ambiental, base para o desenvolvimento dos 17 ODS e da Agenda 2030.
No pilar social do TBL, podemos citar como o fundamento do tempo real será capaz de informar a partir das futuras cidades inteligentes quando ações policiais serão necessárias em uma determinada região.
Além disso, é possível informar as atividades de monitoramento via satélite que serão capazes de identificar mudanças repentinas no clima e haverá tempo hábil para que não ocorram desastres em áreas povoadas e que não tenham sido informadas previamente.
Sobre este pilar, também podemos citar o fundamento da virtualização, quando profissionais não precisarão ser posicionados em locais de risco ou prejudiciais à saúde. A partir de sensores e de sistemas de monitoramento remoto, esses funcionários poderão ter sua saúde e vida preservadas.
No pilar econômico do TBL, podemos citar a economia de recursos proporcionado pelo fundamento da modularização trazendo economias significativas para as linhas de produção e para a indústria de uma forma geral.
No pilar ambiental do TBL, podemos citar as vantagens geradas pelo fundamento da descentralização quando as empresas devem cumprir programações que não afetem o meio ambiente e as legislações vigentes sobre o assunto.
Sobre este pilar, também podemos citar o fundamento da modularização quando a economia de recursos, que por si só é capaz de desacelerar a degradação do meio ambiente, principalmente para aqueles produtos diretamente relacionados à maior poluição ambiental.
Alguns exemplos desses produtos são: o plástico, o chumbo, o mercúrio, dentre tantos outros.
A tabela abaixo apresenta as propostas apresentadas. Vale ressaltar que esta abordagem é exemplificativa e que não pretende esgotar as possibilidades de interação entre os assuntos da Indústria 4.0 e da Agenda 2030.
É possível acreditar que a Indústria 4.0 será capaz de oferecer uma série de benefícios para a humanidade. Se bem aplicadas e operadas, também poderão apoiar na busca por um planeta mais sustentável e para um futuro melhor para as próximas gerações.
O World Class Manufacturing (WCM) é um modelo de gestão que busca a excelência na produção de bens e serviços, integrando as áreas de produção, qualidade, manutenção e gestão de pessoas.
Ter conhecimento em WCM é extremamente importante, uma vez que ele permite a melhoria contínua dos processos produtivos, aumentando a eficiência, a qualidade e a redução de custos, tornando a empresa mais competitiva no mercado.
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Especialista pela Harvard Business School, possui Mestrado em Eng. Eletrônica pela Universidade de São Paulo (USP), MBA em Gestão de Projetos pela FGV, pós graduado em Gestão de Risco Corporativo pela Fundação Dom Cabral (FDC), pós graduado em Meio Ambiente e Sustentabilidade pela FGV e certificado CPIM pela APICS. Atua como responsável do planejamento e controle do payload do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) e como voluntário da Rede Desafio 2030.
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